Escola de Bicicleta

mobilidade & recreio

Passeios de bicicleta mais inclusivos

No final do ano passado lançámos na Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal a modalidade do Recreio, que consiste em passeios de bicicleta mais inclusivos do que a oferta típica.

Fizémo-lo a pensar nas necessidades dos nossos alunos e ex-alunos, bem como de outros principiantes,  pessoas que retornam à bicicleta depois de décadas afastadas, e famílias com crianças. (Embora quaisquer outros interessados em desfrutar de um passeio descontraído sejam bem-vindos!)

O objectivo é proporcionar-lhes um contexto compatível com o seu nível de habilidade, e amigável, onde possam desfrutar da bicicleta sem stress, conhecer rotas (e pessoas) e ir praticando as suas competências, sempre com companhia e apoio. Queremos evitar que desistam da bicicleta por ficarem intimidados pelos passeios colectivos tradicionais ou com a perspectiva de se fazerem à estrada sozinhos.

E como não se pretende permanecer para sempre no estado de principiante, a ideia é promover também passeios ou excursões para introduzir as pessoas a passeios mais elaborados ou até viagens de 2-3 dias.

 

Passeios de bicicleta mais inclusivos

Entretanto, alguns destes passeios (os de Nível 1) são ainda mais inclusivos, porque têm os triciclos do projecto “Envelhecer em Cidadania”, da Coração Amarelo, nossa parceira, à disposição para quem quiser participar com um amigo ou familiar que não possa pedalar a sua própria bicicleta. A participação de ambos é gratuita.

 

passeios de bicicleta mais inclusivos com os triciclos da Van Raam

 

Há 4 rotas para estes passeios de bicicleta mais inclusivos, todos a partir de Belém (onde estão guardados 2 dos triciclos), e todos adequados a principiantes e famílias. São mesmo para quem ainda não se sente muito confiante mas quer corrigir isso e começar a desfrutar da bicicleta no processo.

 

Para terem uma ideia do que são estes triciclos e do que permitem, vejam este vídeo:

 

 

Os triciclos são muito confortáveis para o passageiro, mesmo em piso irregular (têm supensão dianteira), e bastante estáveis e fáceis de conduzir. Nós sabemos, já os testámos!

 

passeios de bicicleta mais inclusivos com os triciclos da Van Raam

No dia do test ride e avaliação de compatibilidade com a rota, até tivemos a sorte de receber um livro de brinde, oferta do Manuel Costa Félix, o entusiasta das bicicletas no outro lado desta parceria.

 

»» Neste próximo sábado, dia 22 de Abril às 14h30, teremos mais um destes passeios inclusivos, este vai levar-nos de Belém até Caxias, e de volta, junto ao rio. As inscrições fecham amanhã! ««

 

De notar que os interessados em levar o avô ou a avó a passear nestes triciclos o podem fazer fora do contexto destes nossos passeios, basta contactarem com antecedência a Coração Amarelo, a combinar, e eles enviam um voluntário!

Para receberem a agenda de passeios, eventos, workshops, etc, subscrevam a nossa newsletter mensal. De resto, podem seguir a agenda no Eventbrite e no Facebook da Escola de Bicicleta, ou no Facebook geral da Cenas a Pedal.

Aulas de bicicleta para crianças e adultos com necessidades especiais

Há uma ONG nos EUA chamada iCan Shine que promove campos semanais para ajudar crianças e adultos com necessidades especiais a aprenderem a andar de bicicleta.

Apesar de haver soluções para permitir a pessoas com diversas condicionantes físicas, intelectuais e/ou motoras pedalarem, recorrendo a triciclos com variáveis níveis de adaptação, se for possível a pessoa conseguir aprender a dominar as 2 rodas, será sempre a melhor opção, pois salvaguarda um maior nível de inclusão, independência e autonomia e isso faz muita diferença. Bicicletas há em todo o lado, triciclos é mais difícil encontrar. Conseguir, por isso, dominar a bicicleta, é uma conquista fabulosa.

Trissomia 21, autismo, espinha bífida, paralisia cerebral, atrasos de desenvolvimento, défices cognitivos, obesidade, são exemplos de condições que afectam particularmente a capacidade de aprender com sucesso a andar de bicicleta pelos processos comuns. Prova disso é que se estima, segundo investigadores da Universidade do Michigan, que menos de 20 % das crianças com autismo e só até 10 % das crianças com Síndrome de Down chegam a aprender a andar de bicicleta. Contudo, juntando os elementos certos, o sucesso é alcançável em pouco tempo e sem grandes percalços.

ican shine camp

Fonte: Montgomery News

Os elementos certos são: ferramentas adequadas, instrutores capacitados e investidos e um ambiente de aprendizagem apropriado. Isto vale para crianças e adultos com ou sem necessidades especiais, claro. Simplesmente, no caso dos primeiros, esses 3 factores exigem um nível de especialização superior.

rollerbikesDescobri este programa há cerca de 7 anos, nas pesquisas que fazia (e faço) na área da formação em condução de bicicleta, ainda se chamava Loose the training wheels (“Larga as rodinhas”) – mudaram de nome em 2012 para reflectir a ampliação da sua missão para incluir outras actividades recreativas como natação, ginástica, etc. Perguntei-lhes nessa altura se desenvolviam programas na Europa, pois queria tentar promover um destes campos cá em Portugal. O programa expandiu muito mas continuam hoje, como antes, sem perspectivas de virem a actuar fora dos EUA e Canadá no médio prazo.

Mantenho, contudo, o sonho de um dia importar o programa para cá, e também de conhecer e trocar ideias com o criador do programa original, e inventor e fabricante das bicicletas especialmente adaptadas usadas nos ditos campos, Richard E. Klein, um professor de engenharia mecânica reformado que desenvolveu o método de ensino e as bicicletas que o suportam.

São as bicicletas altamente adaptadas (os rolos são o que salta logo à vista, mas não é só isso), e o processo de ensino que elas facilitam, que tornam possível depender apenas de voluntários e não de instrutores especializados para ajudar as crianças a aprender, e ainda assim conseguir uma taxa de sucesso de 80 % para 5 dias de aulas, 75 min por dia. Sendo que o sucesso é de 100 % se considerarmos que todas as crianças beneficiam da experiência, mesmo que não atinjam logo os resultados desejados.

ican shine camp

Fonte: The Patriot News

Todos os adultos e crianças tiram os mesmos benefícios de aprender a andar de bicicleta de forma a poder integrá-las nas suas vidas:

  • aumento da auto-estima e auto-confiança
  • oportunidades de inclusão
  • mudança positiva nas dinâmicas familiares
  • melhoria da qualidade de vida atráves de actividades recreativas
  • transporte independente
  • melhoria da condição física

Mas isto tem uma importância particular e um impacto amplificado no caso de crianças e adultos com necessidades especiais.ican shine camp

O que fazemos na nossa própria escola segue os mesmos princípios base, em termos de métodos e ferramentas. Esperamos um dia conseguir ter capacidade financeira para investir em programas adaptados para servir também esta população com necessidades especiais de forma consistente (até hoje apenas tivémos experiências pontuais, embora bem sucedidas, com pessoas com algum tipo de condicionante, como artrite reumatóide, ligeira paralisia cerebral, fibromialgia, obesidade, próteses, etc).

Cá em Portugal, apenas sei de uma pessoa que desenvolveu trabalho nesta área, e de louvar, o Rui Pratas, mas em regime de voluntariado, com todas as limitações que isso implicava (e o Rui entretanto emigrou para o Reino Unido). O nosso objectivo é poder vir a oferecer este serviço de forma profissional e especializada, como fazemos para os alunos sem necessidades especiais.

Como ensinar uma criança a andar de bicicleta

O CTC, em Inglatera, preparou um vídeo que mostra como ensinar uma criança pequena a andar de bicicleta [sem rodinhas, claro].

Mas um ainda melhor, muito mais completo, é este, que está fantástico:

Tempo, muito amor e paciência, e a sequência certa (e completa!) de exercícios, e os seus filhos dominarão facilmente a bicicleta. Se precisar de ajuda ou quiser atingir os melhores resultados no menor tempo possível e sem dramas, é inscrevê-los nas nossas aulas de condução! 🙂