Escola de Bicicleta

mobilidade & recreio

Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti

É comum ver condutores de bicicleta a fazer às pessoas a pé o que se queixam que os condutores de automóveis lhes fazem a eles: razias, apitadelas, ultrapassagens perigosas “para lhes ensinar uma lição, etc. Fazem-no pelas mesmas razões, ignorância, negligência, sobranceria.

O risco a que expõem os peões é menor do que aquele que os condutores de automóveis os expõem a eles, claro, mas ainda assim não é, de todo, um risco desprezável. Há efectivamente pessoas atropeladas por condutores de bicicletas. Daí podem resultar lesões variadas, e até a morte. E o próprio condutor da bicicleta também arrisca magoar-se, claro (pelo que é o primeiro interessado em correr riscos desnecessários…).

Fonte: massacriticapt.net

Fonte: massacriticapt.net

Na nossa escola ensinamos várias coisas fundamentais, entre elas a avaliação e redução de riscos, a cortesia, e a empatia. Tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.

Os peões e os ciclistas são os elementos mais desprezados nos nossos espaços públicos, e as políticas públicas que têm havido e a forma como são desenhadas as vias públicas têm aumentado a fricção entre ciclistas (que fogem das estradas acreditando, erroneamente, que estão mais seguros nos passeios e ciclovias) e peões. Não podemos tolerar tal coisa. Os condutores de bicicletas e os peões devem misturar-se o mínimo possível, só em situações excepcionais e bem desenhadas, para evitar conflitos e reduzir riscos.

Os peões estão hierarquicamente acima dos ciclistas (pela universalidade dessa condição, pela maior vulnerabilidade, e pela ausência de ameaça aos outros utentes), estes últimos têm a responsabilidade de não colocar os primeiros em risco, mesmo quando estes adoptam comportamentos perigosos ou mesmo ilegais (podem ler uma introdução ao conceito de Responsabilidade Objectiva aqui).

Fonte: Sorumbático

Fonte: Sorumbático

A pensar nisto, a MUBi publicou um conjunto de 7 regras para respeito para com os peões, e o Luís Escudeiro divulgou-os em forma de podcast na Rádio Estrada Viva.

 

 

Circular a par é mais seguro

Em Portugal o Código da Estrada não reconhece nenhuma especificidade aos pelotões de ciclistas. A única coisa que se aplica é que os condutores de velocípedes podem circular a par:

Artigo 90, n.º 2: Os velocípedes podem circular paralelamente numa via, exceto em vias com reduzida visibilidade ou sempre que exista intensidade de trânsito, desde que não circulem em paralelo mais que dois velocípedes e tal não cause perigo ou embaraço ao trânsito.

Nem todos os condutores de automóveis estão cientes desta alteração recente (2013) ao Código da Estrada, e mesmo os que estão, raramente compreendem as vantagens para os ciclistas de circular a par, nem as vantagens para os próprios automobilistas. Ora, este vídeo procura demonstrar uma dessas vantagens:


O vídeo mostra uma situação de trânsito num país onde se conduz pela esquerda, mas é só inverter para aplicarmos a Portugal. 😉 E o vídeo mostra uma ultrapassagem que cumpre os novos requisitos do Código da Estrada para a ultrapassagem de velocípedes. Relembrando:

Artigo 38

2 – O condutor deve, especialmente, certificar-se de que:

e) Na ultrapassagem de velocípedes ou à passagem de peões que circulem ou se encontrem na berma, guardar a distância lateral mínima de 1,5 metros e abranda a velocidade.

3 – Para a realização da manobra, o condutor deve ocupar o lado da faixa de rodagem destinado à circulação em sentido contrário ou, se existir mais que uma via de trânsito no mesmo sentido, a via de trânsito à esquerda daquela em que circula o veículo ultrapassado.

É mais rápido ultrapassar 20 ciclistas a circularem aos pares do que uma fila indiana de 20 ciclistas…

A sinalização de manobras pelos ciclistas

Eu sinalizo sempre, porque nunca se sabe.

Como é que um ciclista pode, ou deve, sinalizar as suas manobras? Que manobras é que requerem sinalização? Como garantir que a mensagem passou? Como garantir que é seguro prosseguir com a manobra? O que pode correr mal ao sinalizar uma manobra com os braços? Oiçam este podcast na Rádio Estrada Viva e vejam se cometem o principal erro ali descrito.

 

Sobre as luzes nas bicicletas

Para que servem as luzes numa bicicleta? O que diz a lei a este respeito? O que é importante assegurar em termos de iluminação ou visibilidade? É boa ideia ter luzes a piscar? Será que qualquer luz, independentemente da sua intensidade, é adequada? De que forma é que luzes inadequadas numa bicicleta podem potenciar quedas e colisões? Qual a relação entre a nossa posição na estrada e o nível de eficácia das luzes e reflectores em assegurar que somos detectados pelos outros condutores. Saibam a resposta a estas e outras questões neste podcast na Rádio Estrada Viva.